quinta-feira, 23 de junho de 2005

João, o Baptista




João Baptista por Leonardo Da Vinci


Apesar de se tratar de um santo bastante enigmático, e de poder ter estado ligado à comunidade de Qumran, é tido como alguém que teve uma grande actividade profética. São Lucas diz-nos que "a palavra de Deus foi dirigida a João filho de Zacarias, no deserto", através daquilo que o próprio Santo denominou de comunicações celestes. João terá sido culto, carismático, com uma pregação cujo conteúdo ateia a esperança, razão pela qual "todo o povo" acorre a ele.

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Também é conhecido por, por volta dos seus 30 a 32 anos de idade, ter baptizado a Jesus, em quem reconheceu o Cristo, o Ungido, aquele que vem cumprir as promessas das Escrituras, sendo já nessa altura um Mestre com uma roda de inúmeros discípulos, transitando alguns deles, posteriormente, para Jesus Cristo, vindo a tornar-se importantes apóstolos.

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Porém, as suas críticas aos amores ilícitos de Herodes Antipas levaram-no à prisão e posteriormente ao martírio, por decapitação, em Maqueronte.

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Muito mais se poderia escrever sobre um Santo cuja tradição inspira muitos portugueses e é motivo de grandes celebrações anuais por todo o país durante estes dias de Junho. No entanto, mais vale ganhar a esperança que desde sempre nos ensinou a procurar, celebrando com todos, em casa e na rua, a alegria da existência.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Eugénio de Andrade

Foto: in Público, 18/3/90

" É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
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É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
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É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
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Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer. "
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Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Os Realistas e os Românticos

Os Realistas e os Românticos
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"Os realistas fazem as pequenas coisas e os românticos as grandes. Um homem tem de ser realista para poder gerir uma fábrica de tachas. Tem de ser romântico para gerir o mundo.
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É necessário um realista para encontrar a realidade; o romântico é necessário para criá-la. Napoleão é apenas um poeta, Cromwell um entusiasta, César um retórico. A distância entre Henry Ford e John Milton é sempre maior no comboio de regresso.
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A realização é a morte, porque é o fim. Os romãnticos são sobrevivências, encarnações perpétuas de si próprios."
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Fernando Pessoa, in 'Heróstato'

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Em conversa com Deus



Água, de autor anónimo


Fui desafiado pela minha querida amiga Ana para que respondesse a um pequeno inquérito e o publicasse, aqui no Ars Lusa.

O referido inquérito/desafio, tal como ela refere, advém de um blog que visitou, o
confessionário de um padre, onde o descobriu e repescou para divulgação.

Tal como ela o referiu, também aqui está aberto o campo para vocês, se quiserem, responderem ao mesmo, do vosso jeito, de acordo com o vosso sentir, enquanto comentário.


As questões estão redigidas tal como a Ana as entendeu trajar, sendo as respostas as que me ocorreram tendo em conta as circunstâncias actuais que conformam e moldam a Humanidade:


Imagina que Deus marcou um encontro contigo num determinado restaurante perto da tua casa. Imagina-te sentado/a ao Seu lado, a dialogar com Ele. E agora pergunto eu [sic]:

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1 - Qual era a ementa que Lhe sugerias e porquê?
Talvez Lhe sugerisse que começássemos por beber um pouco da água que representa a nossa Fons Vitae, sem a qual nada somos, com o ensejo de lhe demonstrar que é necessário que inspire a humanidade a não polui-la, pois precisará dela sempre… Depois, talvez procurasse uma ementa composta por pequenos pratos representativos de todas as diferentes culturas a nível mundial, que não podem ser esquecidas sob pena de sermos sempre parcelares na apreciação do génio humano e de todos os povos.


2 - Que motivo teria Deus para querer almoçar contigo?
Não sei. Mas sentir-me-ia honrado e tentaria ser digno da Sua companhia, tentando aprender o máximo, amadurecer mais um pouco, e demonstrar, também, porque razão é que somos todos considerados Seus filhos, fruto de Criação Divina.


3 - Fazia-te perguntas acerca da Igreja. Que Lhe contavas?
Dir-lhe-ia que as Igrejas necessitam de um salvo conduto Seu para se poderem afastar do caminho menos próprio que escolheram e que é fonte de todos os males e desinteligências que criaram ao longo dos séculos, na ânsia de protagonismo, criando excesso de dogmatismo em vez da procura da verdade e da humildade em querer percorrer um caminho de desenvolvimento espiritual. Dir-lhe-ia, também, que existem muitas pessoas com empenhada fé interior que gostariam de poder transmiti-la aos que as rodeiam, mas que por falta de unidade de credos, se sentem molestadas psicologicamente devido a excesso de interpretações religiosas, e que, enfim, através do Ecumenismo, talvez se conseguisse chegar à Verdade…


4 - Dava-te a possibilidade de te concretizar um desejo. Que pedias?
Pedir-lhe-ia que, pelo menos por um dia, toda a humanidade parasse para reflectir acerca do seu passado (de tudo o que tinha percorrido e de todo o bem e mal que fez a si e ao meio envolvente), do seu presente e dos seus anseios para o futuro.


5 - No final da refeição, pedia-te uma recordação. Que lhe oferecias?
Um abraço Paternal, se tal me fosse permitido, para poder sentir a sua energia conciliadora, em abandono de criança nos braços de Alguém protector, e tentar compreender um pouco da essência que nos une e diferencia enquanto ser Divino e ser corpóreo.


6 - Por fim, oferecias-Lhe um café com ou sem açúcar? Porquê?
Com açúcar, para que sentisse o mesmo que eu sinto quando bebo um café, em jeito de partilha de emoções.

7 - Quem pagava a conta?
Pagaria eu em sinal de agradecimento pela Sua e minha existência.


8 - Quem vais sugerir (3 pessoas) para almoçar com Ele? E porquê?
Não sugiro ninguém em especial, pois todos são bem vindos nesta «casa». No entanto, agradeço, desde já, a quem entender publicar o inquérito no respectivo blog, que deixe aqui a referência a tal facto como comentário, para poder ser partilhado por todos os visitantes.