Tabuaço – Um concelho para o século XXI
É com alegria e intenso prazer
que escrevemos estas linhas, neste novo jornal do concelho de Tabuaço, o Correio de Tabuaço, e desejamos-lhe
vida longa e profícua, levando por toda a parte a voz deste município e de tudo
o que de bom os Tabuacenses sabem fazer.
Que sirva os seus objectivos com
rigor e com verdade, ajudando à construção de um concelho forte, equilibrado,
assente na fraternidade, liberdade, criatividade e respeito pelo ambiente,
cultura, turismo e desenvolvimento sustentado.
Se olharmos para trás, para tudo
aquilo que a vila de Tabuaço e as suas freguesias já passaram, pode-se com toda
a certeza esboçar um sorriso. No entanto, tal não significa que não tenha
havido sofrimento por parte dos seus habitantes, porque o houve.
Nos dias de hoje, apesar de
muitos dos seus filhos se encontrarem fora do concelho a residir, pode-se dizer
que a história trouxe maior conforto e comodidades, bem como novas necessidades
e apreensões.
No entanto, desde há cerca de duzentos
anos que as nossas freguesias têm vindo a ser esvaziadas de gente que,
procurando melhorar as suas condições de vida, calcorreiam o mundo, fora das
nossas fronteiras, fixando residência no Brasil, nos Estados Unidos, em muitos
dos países da Europa Ocidental (da qual fazemos parte ainda que não nos
queiramos lembrar), ou, muito simplesmente, cá dentro de Portugal em cidades
como Viseu, Lamego, Porto, Lisboa, Coimbra, ou até no Algarve.
No momento actual a população
residente do concelho de Tabuaço ronda os 7 mil habitantes, enquanto que fora
do mesmo deverão residir cerca de 30 mil Tabuacenses e seus descendentes. Que
bom que seria se estes se lembrassem de voltar para as suas terras, tal como
têm sonhado, na certeza de que serão acolhidos de braços abertos pelos seus
conterrâneos.
Ora, tal tem sucedido com alguns,
que ansiavam por isso desde há muito. No entanto, a grande maioria se calhar
por vezes até se esquece de que nasceu em Tabuaço, ou em alguma das suas
freguesias e lugares. Esperemos que não.
No retorno às suas origens,
anualmente, por ocasião das festas e romarias populares lá vêm cumprir
promessas e comparar a sua terra natal com a terra da sua residência.
Mas, será que se lembram
efectivamente de que podem e devem fazer algo mais pelas suas terras além de
vir apenas gastar dinheiro nas festas e no fogo de artifício? Dizemos isto,
apesar de sabermos que as festas são importantes para cada uma das freguesias e
de que o fogo de artifício, desde que executado em condições de segurança, é motivo
de brio para os nossos bailes e arraiais, mas ficamos, por vezes, com a
sensação de que realmente não sabem como ajudar a sua freguesia.
Mas, voltamos a repetir, podem e
devem efectivamente fazer algo mais pelas suas terras, em termos de desenvolvimento
local.
Claro que existem excepções, e
claro que Tabuaço sofre dos mesmos males que todos os concelhos do interior do
país.
No entanto, Tabuaço e as suas
freguesias têm diversos trunfos para poderem vingar neste novo milénio:
- A sua
população, que detém uma forma de estar e de ser muito peculiar e própria,
capaz dos maiores altruísmos, actos de fraternidade e deveres de cidadania
(apesar de por vezes esquecidos).
- Terras
riquíssimas que espelham uma grande diversidade de solos, excelentes para o
vinho do Porto e os vinhos mesa do Douro e da Beira, a oliveira, a cortiça, o
sabugueiro, as árvores de fruto, os produtos hortícolas, entre muitos outros
produtos da terra.
- Uma paisagem
natural ímpar e diversificada, capaz de fazer regalar os olhos a qualquer
turista que passe por cá, e que volta a passar depois de ter fixado algum
pormenor da natureza que lhe mexeu com a alma.
- Um
património cultural de respeito, em grande quantidade, qualidade e das mais
diversas tipologias, calculado em mais de 400 imóveis e sítios arqueológicos,
entre outros (veja-se a classificação do Alto Douro Vinhateiro como património
Mundial, pela UNESCO, e do qual cerca de 1/3 do território tabuacense faz
parte).
- Riquezas
minerais, já exploradas anteriormente em períodos da história recente.
- Entre muitos
outros atractivos.
Para que Tabuaço possa retirar
proveito de todas estas potencialidades é necessário que todos tenham
consciência de que o desenvolvimento não passa apenas pelas mãos das autarquias
(câmara municipal e juntas de freguesia) que muito têm feito apesar dos, por
vezes, parcos meios, mas também pelas mãos de cada um, de acordo com as suas
potencialidades e capacidades.
Cabe pois a todos, sem exclusão,
a tarefa de construir um futuro bom e melhor, em conjunto com a Câmara
Municipal e Juntas de Freguesias, e através do associativismo, no respeito
pelos direitos de cada um, e com vista ao desenvolvimento do bem comum.
Podem vir dizer que dá muito
trabalho, que não sabem como fazer as coisas, mas não podem dizer que não está
ao seu alcance a possibilidade de se informarem e de se juntarem e reunirem com
vista ao desenvolvimento de alguma ideia que surja.
Tem que existir vontade de mudar,
ainda que custe muito para alguns que apenas estão habituados a falar mal e a
criticar, e tem de haver vontade, para aqueles que já fazem algo, de poderem
fazer ainda mais e melhor.
Todos somos responsáveis por isso
e todos o merecemos, tal como os nossos herdeiros merecem um futuro melhor,
sempre melhor.
Brindamos, pois, ao Correio de Tabuaço, e ansiamos para que
seja um motor de desenvolvimento local, com brio, rigor e profissionalismo, tal
como Tabuaço necessita.
Gustavo de Almeida
ALMEIDA, Gustavo Monteiro de, Tabuaço - Um concelho para o séc. XXI - In «Correio de Tabuaço», pág. 9, Tabuaço, Edição n.º 0, de 1 de Março de 2004
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